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Efeitos da Educação Corporativa na Rotatividade dos Profissionais
Há muito se fala sobre os impactos da Educação Corporativa na rotatividade empresarial. Esse foi o ponto de partida para a produção da dissertação de mestrado de Leandro Siqueira, na FGV/EBAPE.
Sua pesquisa originou o artigo ‘Os efeitos da Educação Corporativa na Rotatividade dos Profissionais das empresas do Setor Privado no Brasil’, no qual Leandro analisa como o investimento em capacitação e especialização interfere na retenção ou evasão de colaboradores.
Evasão x Retenção
O principal questionamento do pesquisador era se de fato os investimentos em educação corporativa propiciavam a permanência dos funcionários nas empresas – ou se, pelo contrário, eles favoreciam a evasão.
Para embasar seu artigo, o autor trabalhou com duas linhas teóricas antagônicas: a Teoria da Reciprocidade e a Teoria do Capital Humano.
A Teoria da Reciprocidade parte do princípio de que mediante o investimento em educação corporativa, o colaborador queira retribuir o benefício. Neste caso, o senso de gratidão favoreceria a permanência do profissional na empresa.
Já a Teoria do Capital Humano considera o oposto: mediante o investimento, não apenas a produtividade e a competência do colaborador seriam incrementadas, mas também a procura por melhores oportunidades e melhores remunerações.
Método de Pesquisa
No início, o autor acreditava que o investimento em educação corporativa poderia fomentar o fenômeno de turnover (a taxa de rotatividade) dentro das empresas.
Para constatar se a hipótese era verdadeira, foi realizada uma pesquisa com base nos dados do RAIS (Relação Anual de Informações Anuais - MTE), onde dois grupos foram pareados: participantes do treinamento corporativo e não participantes do treinamento corporativo.
É importante frisar que os dois grupos eram pertencentes à mesma organização. Participaram 1.154 profissionais, levando em consideração o treinamento de pós-graduação latu-sensu online.
Investimento que retém talentos
Ficou comprovado que os colaboradores favorecidos com treinamentos permaneceram na empresa ou foram alocados em outro grupo da mesma instituição.
As empresas que investiram em educação corporativa (grupo de tratamento) alcançaram um total de retenção de 94% dos profissionais no primeiro ano do período de análise, 92% no segundo e 86% no terceiro ano.
Já nas organizações onde o investimento em educação corporativa não se fez presente (grupo de controle), os índices de evasão foram maiores no mesmo período analisado.
Notou-se uma retenção de 86% dos profissionais ao fim do primeiro ano, 81% no ano posterior e 74% ao fim do terceiro ano.
Outro dado interessante que o estudo comprova é que, mesmo nos casos de saída da instituição, os indivíduos que passaram por treinamento permanecem ativos no mercado, mas atuando em outras organizações. Ou seja, sofrem menos com a desocupação.
Já nos casos de evasão de profissionais não treinados pela empresa, há maior dificuldade em se manter ativo no mercado, assim como maior incidência de desocupação.
O artigo confirma, então, que os custos destinados à educação corporativa são um investimento valioso para as empresas, que otimizam seus processos produtivos e, também, para os funcionários, que se sentem valorizados e apoiados em suas carreiras.
Evitando a rotatividade
Apesar do resultado conclusivo da pesquisa, Leandro alerta que apenas investir em educação corporativa não basta.
“Não adianta uma empresa contratar uma instituição de ensino para capacitar um grupo de 30 potenciais gerentes e ao longo do tempo não gerar essas vagas”, explica. “O importante é que a empresa tenha consciência de que ela está contratando (educação corporativa), mas que precisa gerar oportunidades futuras para estes profissionais.”
Mesmo sendo beneficiados com o treinamento, muitos profissionais se frustram ao serem capacitados sem perspectiva de crescimento dentro da empresa, o que a médio e longo prazo pode levar à evasão.
Outras variáveis
Para Leandro, existem ainda outras variáveis que podem ser aprofundadas quando se trata do investimento em educação corporativa.
A variação do investimento em treinamento de acordo com gênero, a taxa de crescimento salarial, a variação de cargo e o destino dos profissionais que evadiram são alguns dos pontos de interesse para aprofundamento da pesquisa.
As tendências do trabalho no mundo corporativo têm se tornado cada vez mais desafiadoras, exigindo de gestores soluções inovadoras e efetivas.
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