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ESG: Contexto Global e as ações no Brasil
As práticas da agenda ESG (sigla em inglês para sustentabilidade, social e governança) passaram a ser essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos. Nesse contexto, as empresas buscam entender as adaptações que devem ser feitas para cumprir as exigências da agenda. Apesar das mudanças climáticas impulsionadas pelo carbono estarem no topo da agenda ambiental, os pesquisadores defendem que a biodiversidade também necessita de ação imediata.
Em um debate realizado pelo Programa de Pesquisa Finanças Sustentáveis da Fundação Getúlio Vargas - FGVces, Fabio Scarano, engenheiro florestal, professor titular de ecologia da UFRJ diz que o assunto é urgente e que é preciso que as empresas comecem a agir e a sociedade mude seu padrão de consumo. “Cerca de 25% das espécies do mundo estão ameaçadas de extinção e se as empresas não mudarem as suas ações não há caminhos que possamos trilhar”, explica. Segundo Fábio, a métrica do clima hoje está mais ligada a redução das emissões de carbono. No entanto, o pesquisador ressalta a importância de tratar da biodiversidade dentro da agenda de sustentabilidade.
Para Annelise Vendramini, coordenadora do Programa de Pesquisa Finanças Sustentáveis da FGV, os temas clima e biodiversidade estão conectados. “A gente precisa entender a natureza de uma forma muito mais ampla pois temos uma crise grave de ecossistema, mas ainda falamos pouco disso”. Segundo a coordenadora, para trazer a discussão de biodiversidade para a agenda ESG é preciso incluir esses elementos na conta e isso passa por um processo de políticas públicas.
Algumas empresas já estão discutindo metas e desenhando movimentos chamados de “nature positive” ou natureza positiva. Por isso, a medição e a avaliação dos recursos naturais devem se tornar em breve uma questão importante para as organizações. Para Fábio, é difícil estabelecer métricas e valores na natureza. “Existem valores na nossa relação com o meio ambiente que são intangíveis; por isso, precisamos nos tornar mais humanos e refletir sobre nosso comportamento para conseguir alcançar esses objetivos da agenda ESG”, finaliza.
Para Guarany Osório, coordenador do Programa Política e Economia Ambiental da FGV, as empresas já compreenderam que a sustentabilidade e a agenda ESG têm relação direta com a competitividade. “Existe uma lacuna de políticas públicas sobre esse assunto e as empresas estão tocando a agenda por motivos relacionados aos riscos, oportunidades, pressão de investidores, entre outros”, finaliza.