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Método de Casos A arte de desenvolver competências críticas e criativas para atuar em ambientes complexos e incertos na era da IA
Em um cenário de desafios globais, como crise climática, automação e transformação digital, as empresas têm buscado soluções para refletir criticamente alguns processos e integrar múltiplas perspectivas para gerar novas soluções. Nesse contexto, o método de casos tem sido utilizado como uma abordagem na educação executiva e nos cursos de gestão do mundo todo.
Para Gisele Galilea, professora de Contabilidade, Controladoria e Finanças na Fundação Getulio Vargas - FGV EAESP e especialista em dinâmicas para a promoção da aprendizagem centrada nos alunos, o método de casos permite que os participantes analisem, diagnostiquem e construam argumentos diferentes, promovendo a reflexão crítica sobre um dado problema que uma empresa esteja vivenciando. “Os casos permitem atingir o que chamamos de “Flow State”, um estado de completa imersão e foco em uma atividade específica. E como resultado, temos a promoção do domínio de uma habilidade e liberação de recursos cognitivos para outras tarefas mais complexas”, explica.
Além disso, durante o processo, há um estímulo de habilidades como negociação, argumentação, resolução de conflitos, trabalho em equipe, cooperação e persuasão, consideradas essenciais para o sucesso em ambientes corporativos. “Os participantes se tornam protagonistas do processo, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade crítica e criativa”, comenta Gisele.
Assim como nas empresas, o uso da Inteligência Artificial generativa tem sido utilizado na educação facilitado a pesquisa de dados e análises preditivas, permitindo que os alunos tenham acesso a informações em tempo real e simulações que replicam cenários de negócios. No entanto, especialistas e estudos acadêmicos têm alertado para o risco de que a IA generativa possa inibir o pensamento crítico.
Para Gisele, diante de problemas reais vividos pelas empresas, existe a necessidade de refletir criticamente e desafiar o “status quo” de alguns processos, integrando múltiplas perspectivas para gerar novas soluções. “Em um mundo acelerado somos tentados a resolver as coisas rapidamente e as pessoas, frequentemente, se concentram em sua própria opinião, se precipitam e não enxergam o assunto na perspectiva de outras partes interessadas. A IA fornece informações de forma rápida e isso pode provocar resultados incorretos ou enganosos. Por isso, é preciso desacelerar e refletir para explorar o desafio para provocar pensamentos divergentes e ideias criativas”, analisa.
As organizações estão cientes desses desafios. Segundo a pesquisa "Future of Jobs" - Futuro do Trabalho - realizada pelo Fórum Econômico Mundial, o pensamento analítico será a habilidade mais valorizada entre os empregadores em 2025. Paralelamente, o pensamento criativo ocupa a quarta posição na lista de competências essenciais. Além disso, o estudo indica que aproximadamente 39% das habilidades demandadas atualmente precisarão ser adaptadas até 2030.
Portanto, o treinamento, a requalificação e aprimoramento de habilidades estão no centro das estratégias das empresas para lidar com essas mudanças. Nesse sentido, habilidades como pensamento analítico e criativo são essenciais para resolver problemas complexos.
Em síntese, Gisele considera que a IA pode ser usada como suporte na discussão de casos, mas que é preciso ter cuidado. “As soluções enlatadas, geradas pela Inteligência Artficial, são baseadas em previsões probabilísticas e quando a gente se depara com esse tipo de resultado, é preciso trazer para a discussão o pensamento crítico solicitando aos participantes uma reflexão sobre essas respostas. Quando conseguimos isso temos líderes mais bem preparados, para enfrentar os desafios complexos e incertos no ambiente de negócios”, conclui.
Saiba mais como o Método de Casos pode ser usado na educação corporativa aqui.