Notícias
Lideranças femininas nas empresas
A luta pela equiparação de cargos e salários ainda é uma dura realidade no Brasil
Para que haja, de fato, a igualdade de gênero nas empresas é fundamental não apenas a oferta de vagas destinadas ao sexo feminino, mas principalmente o incentivo ao desenvolvimento de lideranças femininas no mundo corporativo. As mulheres estão atentas a esta lacuna, que precisa ser preenchida, e uma nova geração de profissionais busca cada vez mais informação e capacitação para conquistar postos majoritariamente ocupados por homens. Neste contexto, aquelas que já estão em cargos de liderança desempenham papel importante na criação de estratégias e promoção da equidade profissional e social.
Para discutir esse assunto, o FGV In Company promoveu recentemente o webinar “Mulheres na Liderança”, que abordou os avanços e os desafios das mulheres no cenário corporativo atual. Moderado pela professora e psicoterapeuta Karen Spencer, o debate contou com a presença de renomadas profissionais da área de Recursos Humanos e abriu espaço para muitas questões sobre o tema. O que pensam as empresas sobre esse assunto? Qual o papel das líderes de hoje nas organizações? Como as mudanças tecnológicas impactam nesse sentido? Como conciliar a vida pessoal e profissional?
A professora Karen Spencer ressalta que no Brasil apenas 30% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, sendo apenas 10% delas nos cargos de alta liderança. Além disso, ainda não há equiparação salarial entre os gêneros na maioria das organizações, o que representa um preconceito e um obstáculo à liderança feminina.
A boa notícia é que algumas empresas já demonstram interesse em corrigir décadas de desigualdade e as atuais líderes femininas do mercado corporativo ocupam papel central neste debate, não apenas pelo exemplo de “como chegar lá”, mas principalmente pelos resultados obtidos em suas respectivas organizações.
A diretora de RH do Grupo 3corações, Sueli Alves, conta como chegou ao cargo de liderança numa das principais organizações do segmento de café no Brasil. Há 26 anos no grupo, formada em Administração, com especialização em Organização e Métodos, a profissional revela que desde o início procurou se diferenciar e traçar estratégias: “Quando fui convidada para fazer parte de um comitê diretor formado por cinco homens e uma mulher, eu, confesso que não fiquei nem feliz, nem triste. Mas vi ali uma oportunidade de mostrar minhas ideias. Foi então que criei algumas metodologias de gestão. Eu organizava, modela e aplicava. Os resultados apareciam”, conta.
Hoje, frente ao cargo que ocupa, Sueli busca contribuir com sua experiência para ampliar o percentual feminino no grupo em que atua, buscando soluções para auxiliar as colaboradoras a superar os desafios da trajetória profissional. “As empresas desejam que o trabalho não tenha gênero, cor, idade, mas sabemos que não é bem assim que acontece”, diz Sueli.
Entre os principais desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho está a questão do tempo. A dupla jornada, principalmente quando envolve a maternidade, não pode ser pormenorizada. A questão não é apenas cultural, mas de natureza biológica. O cansaço físico e mental, a licença à maternidade, tudo isso reflete no ambiente de trabalho. Por esses e outros fatores, as mulheres estão a todo o momento precisando provar a competência para o cargo. Segundo a psicoterapeuta Karen Spencer, a competição de tempo é concreta. A mulher precisa validar sua posição, influenciar não apenas as outras mulheres, mas também os homens. Porém, devido a toda essa “pressão”, muitas vezes elas mesmas desconfiam de suas capacidades e merecimento para estar em posições de alta gestão.
A diretora de Gestão de Pessoas da AEGEA, Fabianna Strozzi colabora com o debate. Com mais de 22 de experiência, em diferentes segmentos, ela afirma que a busca pela realização pessoal e profissional é um grande desafio para as mulheres e ressalta a importância de ter uma rede de apoio: “Felizmente pude contar com uma rede de apoio para chegar aonde cheguei. Hoje estou numa empresa que valoriza e estimula a liderança feminina, mas sabemos que esse nem sempre é o caso. A cultura das empresas precisa fazer sentido com os objetivos que buscamos”, declara.
Ainda de acordo com Fabianna, outros aspectos que precisam ser levados em consideração estão relacionados às diferenças geracionais. Como líder, ela ressalta a importância de pensar o que querem e como pensam as novas gerações. Nesse sentido, a visão é otimista, pois temas como inclusão, igualdade e qualidade de vida fazem parte do cotidiano dos jovens profissionais, que de modo geral são mais abertos e flexíveis ao diálogo. “O estereótipo de que o ambiente corporativo é para os fortes, que não há espaço para o pessoal, para a emoção e de que a mulher é o sexo frágil é uma construção social que precisa ser revista. Não se trata de negar a racionalidade e a fortaleza, mas de compreender que é possível entregar valor de muitas formas”, complementa Karen.
A pandemia nos mostrou a importância do diálogo e da empatia. “Ficamos demasiadamente humanos nesse período. Não importa se o trabalho é presencial ou remoto. É preciso ouvir, ter respostas, não soltar a mão de ninguém. As mulheres tiveram grande importância nesse cenário. Resiliência virou a palavra de ordem e o ambiente corporativo não sairá ileso a essas mudanças”, encerra Sueli Alves.
Quer saber mais sobre as soluções educacionais corporativas personalizados do FGV In Company? Clique aqui.